segunda-feira, 30 de setembro de 2013

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

E agora? Lembra-me

Confesso que o filme me deixou inquieto. Inquietou-me como me inquietam as grandes histórias de amor. Como inquieta quando somos colocados face à vida. A uma vida feliz, mas que, como qualquer vida, tem sofrimento. (O truque é não desistir, parece-me.)
O Joaquim  Pinto disse na apresentação do seu filme E Agora? Lembra-me, que fui ver com o Arrakis ao Queer, que este era um filme feliz.
E é. É um filme cheio de amor e tem uma esperança nostálgica ténue, mas vibrante. O problema é que onde existe esperança algo não está bem. Há uma tristeza.
Gostaria de saber se o Joaquim teve alguma espécie de formação filosófica. Pode não ter tido, não se precisa, basta viver e viver consciente de algo como ele vive e ler (O Nuno tem as Confissões de Santo Agostinho, livro que Joaquim se recusa a ler, ou recusou), pensar sobre as coisas, ver filmes, ouvir música, passear...
Não nos lembramos da morte. Isto é, estamos vivos, sabemos que as pessoas morrem, que podemos morrer a qualquer instante, mas "agora ainda não", é este pensamento que o "autómato" nos traz. *
A lembrança da morte não nos é marca constante ou, pelo menos, não a todos. Se fossemos constantemente conscientes de que as pessoas que amamos morrem, não viveríamos, estaríamos reunidos numa sala com quem amamos a absorver aquelas essências que a qualquer momento se  podem apagar. Estar afastado de alguém que amamos e que pode morrer a qualquer instante sem que estejamos lá, essa é uma consciência atroz. Será igualmente atroz a consciência de que podemos ser nós a deixar quem amamos, que podemos não estar aqui com elas, a aproveitá-los, a amá-los.
A vida de Joaquim está marcada por essa presença constante. Ele sabe-o. Sabe que a qualquer momento pode não estar aqui, com os cães, com o Nuno. (A quem ele agradece por ter conhecido e por ter na sua vida). Ao Nuno a quem vemos agradecer sempre que este lhe dá a injecção que contem a medicação ainda em testes. É uma pequena coisa este "obrigado", mas não sei, isto transmite-me um gesto de amor, profundo. Este filme lembra-me o José e Pilar. Nota-se na forma de captar a imagem que conheceu João César Monteiro.
Não o considerei um documentário sobre as doenças que Joaquim tem e que tenta combater. Ele que dá um contributo enorme, o seu próprio corpo, a sua mente, no combate a estas doenças. Não o considero um documentário sobre as doenças porque falta mais informação sobre elas e sobre os ensaios clínicos em que está submetido. Mas é também natural que não possa dar mais informações, são ensaios experimentais. Está ali muito mais que isso. Está uma história de amor. Está a vida de Joaquim, a sua consciência do que se passa, ainda que ele não saiba conscientemente que a tem. (Não se lembra de várias coisas de que filmou, devido aos efeitos do medicamento).
Acho que é um documentário sobre uma vida que incluí uma história maravilhosa de amor.
E agora? E agora que eu tenho esta doença que me lembra constantemente da morte, que está aqui presente e me é lembrada? Não me esqueças. Amo-te. Lembra-me. Lembra-me, porque te amo. Acho que é isto que Joaquim Pinto nos transmite. Pelo menos a mim assim é.
Ah, caraças! Vejam o filme. É maravilhoso. É extenso, mas é natural que o seja. Eu pensava, como é que se acaba um filme destes? Como é que se coloca um fim a este registo. Quando, como, terminar este filme?
Embora extenso é inquietante, é maravilhoso, é feliz, é triste, é nostálgico. É uma história de amor sobre a vida.

E agora? Lembra-me.


* Eu sei que o texto peca pela sua confusão. Que falta um desenvolvimento intelectual. Mas não farei aqui um ensaio filosófico. Não quero trazer o meu lado, a minha face, intelectual para o blog. Essa é explorada noutros sítios. Quero apenas dar a conhecer o filme e recomenda-lo. 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Irmãs!

Preciso que digam de vossa justiça. A minha máquina de aparar barba estragou-se, e com "estragou-se" eu quero dizer que a estraguei enquanto a limpava. Sabe Deus que a coordenação motora não é a minha principal característica...
E preciso da vossa ajuda, já andei a ver máquinas, a fazer pesquisas na internet e a falar com amigos, mas nada como ouvir a voz da experiência. Com "experiência" quero dizer os vossos conhecimentos práticos relativos a este tipo de máquinas.
Ora então, basicamente, tenho/quero comprar uma máquina de barbear e de aparar rosto (a minha pseudo-barba) e corpo. E com corpo eu quero dizer peito, barriga e zona púbica. E sim! Com zona púbica eu quero dizer que inclui os tin-tins. Sim, porquê para mim a ideia de passar uma lâmina/gillete pelos meus testículos é bastante semelhante à ideia de degolação...
Alguém tem experiência com este tipo de máquinas? Sabe de um boa a um preço agradável? Isto dá resultado, não dá?

Das minhas pesquisas esta parece-me ter tudo o que quero. O problema é que não a encontro em lojas à venda e não sei o preço (lembrem-se que sou pobre). 


Portanto, podiam partilhar as vossas experiências e recomendações aqui nos comentários ou enviar um e-mail.
'Gradecido!

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Não há duas sem três

Ao que parece podemos juntar àquele ditado popular que diz "um mal nunca vem só" que "não há duas sem três". 
Hoje, infelizmente, tivemos de ir novamente com a minha mãe ao hospital.
Desta vez, uma crise renal provocada por uma infecção urinária. Felizmente, foi-lhe atribuída uma pulseira laranja (urgente) e a mim a cinzenta, de acompanhante. Infelizmente, apesar da rápida entrada nas urgências, passámos o dia no hospital à espera dos resultados ora das análises, ora dos vários exames.
Felizmente, já está bem melhor agora e já dorme.
E porque temos de procurar sempre o lado positivo das coisas: o médico que a atendeu era um regalo para a vista. Senhores! Alto, giro, com barba e sotaque do norte. (Gosto dessas coisas, fazer o quê?). E o melhor: genuinamente preocupado com os seus pacientes. É raro o médico naquele hospital que vi assim, tão cuidadoso.


P.S. Como é que há pessoas que têm mesmo gaydar!? O meu "funciona" para os homens que acho interessantes, não me parece que resulte...

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Eu sou uma besta

Sabe Deus que eu tenho a capacidade de dizer as melhores coisas, seja qual for o momento, para ter "face palms" instantâneos. Mas não é por mal, e neste caso então, não é mesmo. Era só para aligeirar o ambiente, já sabia, sei, que ela deve estar preocupada e assustada. E falei mais depressa que aquilo que pensei. Podia ter ficado magoada, mas não ficou. Ou então não ouviu o que eu disse porque, a meio da frase, já estava a perceber a barbaridade que lhe podia estar a dizer e o meu tom de voz foi baixando até ao sussurro.
Felizmente, a minha mãe conseguiu uma vaga no ginecologista dela (estava na lista de espera - que já passava Dezembro). Infelizmente, o nosso Serviço Nacional de Saúde é horrível e a minha mãe tem de recorrer a um médico particular. Não vou fazer aqui a comparação, mas, sendo curto e grosso, se a minha mãe não pudesse recorrer a um médico particular estava fodida com o serviço que é prestado no SNS e com o tempo de espera. 
Quando regressei a casa e ela me contou o que o médico lhe esteve a explicar, que teria de ser novamente operada como já foi há uns dois anos, chegou a parte em que me disse: 
"E pronto, segundo o médico, se, depois de eu ser operada, ele vir que isto é mau quanto pensa que é, deve dizer para eu remover o útero." 
E eu, que por acaso já havia pensado nesta possibilidade, digo logo:
"Ah, não te preocupes. Há muita gente que vive sem útero. Eu também não tenho..." 

 luz-natural:

Bas Jan Ader, Fall II, Amsterdam, 1970.

Eu juro que não foi por mal. Saiu-me. Só queria fazer uma piada e que ela não se preocupasse...